quarta-feira, junho 30, 2010

CIDADE: UM ORGANISMO VIVO

Nada lembra tanto a atividade do corpo humano quanto uma metrópole a todo vapor. Ambos precisam se abastecer de água e de energia e eliminar os resíduos de forma eficaz. Os veículos que trafegam pelas ruas e avenidas podem ser compara­dos aos nutrientes circulando pelas veias e — veja co­mo, neste caso, até a palavra é a mesma — pelas artérias. As linhas telefônicas cumprem a mesma função dos nervos, que despacham e recolhem infor­mações o tempo todo.

Tal como um organismo vivo, a cidade deve seu funcionamento ao trabalho discreto de um conjunto de sistemas cuja existência só é percebida quando surge algum problema. Eles são como o fígado, que precisa doer para ser notado. A infra-estrutura urbana é o resultado de um conjunto enorme de operações, muitas delas complicadíssimas. Para chegar às torneiras e aos chuveiros de Los Angeles, nos Estados Unidos, a água do Rio Colorado percorre um canal de 500 quilômetros, em pleno deserto. Em São Paulo, um exército invisível de 5.800 trabalhadores se esfalfa, noite e dia, na manutenção dos sistemas de eletricidade, telefone, água e esgoto instalados debaixo da terra.

Sem uma rede de serviços eficiente, a metrópole se toma um lugar insuportável. Não se trata apenas de conforto, mas também de saúde e até de sobrevivên­cia. "Em qualquer cidade do planeta, o número de domicílios com esgoto está diretamente relacionado com a taxa de mortalidade infantil", explica a urba­nista Raquel Rolnik, professora da Pontifícia Universi­dade Católica de Campinas.

sábado, junho 12, 2010

AUTOMÓVEL: DA SOLUÇÃO AO PROBLEMA


Durante milênios, o ritmo das cidades foi ditado pelos passos humanos ou dos ani­mais usados para transporte, como o ca­valo. Até que, em 1908, o industrial americano Henry Ford (1863-1947) deu início à produção em série do automóvel e transformou a maneira de o homem locomover-se. O carro é confortável, útil e até sedutor. O que atrapalha é a quantida­de. Nas últimas décadas, ele se multiplicou numa escala tão grande que passou de solução a pro­blema. Em 1950, havia 50 milhões de automóveis no mundo. Hoje, são 600 milhões — um para ca­da dez pessoas. O resultado são os congestiona­mentos. Na Grande São Paulo, onde existem 6 milhões de carros, uma pesquisa do Metrô esti­mou em 2 horas e meia o tempo médio que se gasta para ir e voltar do trabalho.


Os automóveis ocupam muito espaço e carre­gam pouca gente. E, pior, agridem o meio am­biente. Hoje, 90% da poluição do ar nas grandes cidades sai dos escapamentos. Durante vinte anos de rodagem, um carro lança cerca de 35 to­neladas de carbono na atmosfera — o que provo­ca a revolta dos urbanistas, sempre à procura de u­ma alternativa convincente. "A cidade do futuro se­rá viável apenas se for dada prioridade ao transpor­te coletivo", diz o engenheiro Eduardo Vasconcel­los, da Associação Nacional de Transportes Públi­cos, em São Paulo. Ele propõe como remédio para o caos do trânsito, um sistema que combine a me­lhoria da rede de ônibus e de metrô com a restrição do uso do automóvel por meio de taxas, pedágios e multas. Várias cidades da Europa e da Ásia já apli­cam essa estratégia, que inclui a proibição do tráfe­go nas áreas centrais. O futuro do automóvel é um dos desafios do novo século.


Uma cidade como Manaus, com uma população estimada em 2 milhões de habitantes, o transito tornou-se insuportável, principalmente nos horários de pico. Verificamos por parte dos homens públicos, uma preocupação com a viabilidade e fluidez do transito nesta capital, sem que haja uma preocupação maior com os transeuntes que somos nós, simples mortais, não há passarelas, vias cicláveis (ciclovias), calçadas apropriadas, como também, pista para caminhada, pois nesta selva de pedra também somos veículos, só que humano com emoções e sentimentos.

quarta-feira, junho 02, 2010

FUTEBOL ESTATIZADO: BOM DE BOLA RUIM DE GESTÃO


Com dinheiro do contribuinte, governo formará jogadores e clubes formarão times a custo zero.

A melhor das intenções nem sempre é a mais acertada, mesmo quando o fim é resolver um problema congênito, mas o remédio receitado pode piorar a doença se o paciente tiver histórico de vícios. É o caso do futebol amazonense, que agora ganha um presente de pai para filho. E bota presente nisso. Ao colocar o programa social. Bom de Bola à disposição dos clubes para que dali forme seus times de categorias de base, a Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (SEJEL), que administra o programa, apóia e reforça a falta de compromisso das agremiações com formação de jogadores, isto não é função do Estado, nós temos um grande Pólo Industrial com mais de Quinhentas empresas que poderiam em parcerias com os clubes locais patrocinarem o futebol amazonense. Isso, agora, é de responsabilidade do governo. Ou seja, somos nós contribuintes que vamos pagar a dívida, o orçamento do programa Bom de Bola para este ano é de R$ 832,184 mil, para formar atletas, isto não é função do Estado e sim a massificação do Esporte como um todo, o auto-rendimento deve ser executado por clubes que são iniciativas privadas, sendo assim os clubes vão também utilizar esses recursos na mão de obra. É a velha parábola do pescador. Em vez de dar vara e ensinar a pescar, a SEJEL serve o peixe frito, com arroz, farinha e feijão de graça. Você se daria ao trabalho e aprender a pescar com esse privilégio? Se levarmos em conta que os clubes amazonenses só disputam campeonatos se o governo e a prefeitura bancarem.

O discurso a favor da iniciativa é o da conjectura, dirigentes e técnicos acreditam que o Bom de Bola vai resgatar a identidade dos clubes e a popularidade junto ao torcedor, além de reduzir a dependência dos jogadores de outros estados. Tudo soa ingênuo, ou falso. Como os clubes não têm nenhum compromisso com o futebol de base, agora então nem se fala. E se não são capazes de criar uma identidade a partir deles mesmos, quem garante que farão isso com um programa social de governo com o qual não tem nenhuma responsabilidade e custo? E se o Bom de Bola pode representar o fim da dependência dos jogadores de fora do Estado, por que os clubes até hoje não conseguiram essa meta com sua próprias categorias de Base? Como não conseguiram com a Copa dos Rios e o Peladão que são as duas maiores competições de futebol do Estado e fontes para a garimpagem de craques? Sendo o programa de caráter social, como assegurar que os garotos que não tiverão a oportunidade de se tornarem jogadores profissionais não se sintam frustrados e abandonem o Bom de Bola, fazendo com que o projeto perca sua finalidade?

Os questionamentos Vila Olímpica de Manaus são oportunos para reflexão, pois o que está em jogo é a credibilidade de uma ação social que pode ser o caso. Como tudo é feito para agradar e não para durar ou alguém ainda se lembra do Centro de Alto rendimento da Vila Olímpica? No momento o que se fala é o legado, o legado deste projeto foi abandono do mesmo e da própria Fundação Vila Olímpica Danilo de Mattos Areosa, pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para grandes competições na região norte, o estádio Olímpico de Belém – PA, mais bem estruturado, conquistou essa posição. Para um complexo esportivo no qual correram Campeões Mundiais como Donovan Baile, o legado foi o esquecimento.

A idéia de tornar o Bom de Bola uma fonte de jogadores para os clubes é boa na concepção, mas péssima na execução. A seção de jogadores deve ser natural, sem que isto seja o objetivo fim. Se for, termina o programa social e começa o projeto de futebol. Se os clubes lucrarem com isso o contribuinte deve pedir restituição de impostos e eu também.

NOVO ESPAÇO DE LAZER NA PONTA NEGRA

A revitalização do complexo de la­zer, da praia da Ponta Negra, que será transformado em um Parque Municipal, prevê uma radical mu­dança nas estruturas e equipa­mentos usados pela população e turistas. Ao custo de R$ 59 mi­lhões, com obras dividas em duas etapas, a nova Ponta Negra foi concebida pelos arquitetos Clau­dio Nina e Roberto Moita visando atender todos os tipos de públicos que freqüentam o lugar, das clas­ses "A" até "E".

Na primeira etapa será feita a perenização da praia, o reordenamento da região onde hoje existe o restaurante Charufe, a antiga casa de show Local Casa de Praia, a feira de artesanato e a constru­ção do novo anfiteatro.

A praia perene permitirá ao banhista ter uma faixa de areia de, no mínimo, 30 metros durante os meses de cheia do rio Negro. Para isso será feito um aterro de areia que elevará o leito em seis metros de altura, avançará 150 metros em direção ao rio e terá uma extensão de 700 metros, co­meçando no limite com o muro do Tropical Hotel e terminado depois do anfiteatro. “Nessa faixa de praia haverá três campos de futebol Mudamos os campos porque hoje eles, são cercados por alambrados e isso dificulta a contemplação do rio", explica Nina. "Além do mais, no calçadão as famílias passeiam com filhos pe­quenos e o linguajar de quem está no calor do jogo não é muito ade­quado, então com os campos na praia esse problema acaba."

Próximo à pista, os arquitetos previram a construção de um am­plo passeio e uma espécie de pis­cina com fontes de água ilumina­da. O reordenamento dessa re­gião passa também por uma nova estrutura no Local Casa de Praia.

Já o anfiteatro ganhará novas estruturas de palco, camarim, ba­nheiros. A novidade, importante é à construção de uma marquise de, aproximadamente, oito metros de largura na parte de cima. Roberto Moita explica que essa marquise será importante para bloquear parte do som que se dissipa em direção aos prédios residenciais existentes na região. “Além dessa função acústica, a marquise protegerá o, público da chuva e do Sol e será usada como difusor de luz, dos equipamentos de iluminação usados nos shows", completa. Bares, restaurante, quiosques e barracas completam essa região.

MIRANTE

A segunda etapa do projeto é marcada pela construção de uma torre de 120 metros de altura com um mirante para observação toda a região de Manaus. Para se ter idéia do gigantismo da obra, ela equivale ao dobro da altura do maior prédio existente em Manaus. Haverá espaço para 800 visi­tantes de cada vez, que subirão por dois elevadores panorâmicos. A torre será construída na prai­nha, quase na confluência com a Avenida do Turismo.

Além desta torre, a segunda etapa contempla também a cons­trução de um terminal flutuante de embarque e desembarque que ficará localizado a 250 metros da margem, "Público ou privado, Manaus não tem um local digno para embarque e desembarque. Essa obra vai resolver esse pro­blema", destaca o secretário Mu­nicipal de Infraestrutura, Améri­co Gorayeb.

Na segunda etapa também ha­verá um espaço para a Praça do Artesanato, a feirinha que hoje está próximo ao restaurante Cha­rufe. "Essa estrutura ajudará a descentralizar a frequência do público, hoje muito concentrada naquela região", explica Cláudio Nina. Ao lado do novo anfiteatro também serão posicionadas três novas quadras de vôlei.

ALIMENTAÇÃO

Ao longo do Parque Ponta Negra haverá quatro tipos de estruturas para o segmento de alimentos e bebidas. Serão barracas, quios­ques, bares e restaurante. Na praia as barracas vão vender be­bidas e alimentos que não depen­dem de processamento (sanduí­ches naturais, por exemplo). No quiosque poderá haver manipula­ção do alimento. A novidade nos Bares é que terão uma arquitetura semelhante ao de um barco regio­nal projetando-se em direção à praia. "A crítica que fazem é que os bares hoje estão de costas para o rio. Isso vai mudar. Eles estarão de frente e farão essa passagem entre o calçadão e a praia”, explica Roberto Moita.

Já os restaurantes terão um tra­tamento privilegiado. Eles terão estacionamento próprio para, aco­lher os clientes que hoje disputam espaço com o banhista, que deixa o carro e desce para a praia. "A idéia é que serão restaurantes de nível, com qualidade e, por isso, preci­sam ter um estacionamento pró­prio", explica Nina. Ao todo, diz Ro­berto Moita, serão três restauran­tes, cinco bares, 10 quiosques e até 25 barracas.

PARCERIA PÚBLICO PRIVADA

A principal apostada da Prefeitura de Manaus para gerenciar o Parque Ponta Negra esta nas Parcerias Públicos Privadas (PPPs). A opção por este modelo de gestão foi feita conforme o Secretario Municipal de Infraestrutura Américo Gorayeb, porque entende-se que a iniciativa privada é mais eficiente para gerir certos serviços e também porque dever ter um compromisso social com a população. Américo explicou que a PPP funcionará em todos os níveis de serviços previstos para parque. Por esse modelo, a prefeitura abrirá uma licitação pública para conceder um dos três restaurante conforme projetado pelos arquitetos e depois, ao invés de ficar pagando aluguel pelo espaço, ele se compromete a manter a qualidade de serviços que estão no entorno. “Ele poderá ser responsável pelo tratamento de água, pelos banheiros, enfim vai garantir a qualidade dos serviços e dos equipamentos”, explicou.

Conforme o arquiteto Roberto Moita, a concepção das PPPs será semelhante a dos shoppings centers e de preferência quem construir o espaço não será o operador dele. “Ele vai alugar o espaço e o locatário fará a operação”, explica.