terça-feira, maio 08, 2012

Tempos de Águas

Os previsões, já se concretizando, apontam que neste ano teremos a maior enchente da série histórica desde 1902, com consequências sempre danosas em especial para as populações das zonas rural e das periferias urbanas.
A Amazônia, na época da enchente, é literalmente um mundão de água onde a correnteza leva cercas, plantas, criações e traz os sedimentos que fertilizam a terra num movimento incessante de destruição, construção e reconstrução. São seis meses morando sobre as águas, em alguns casos, sob as águas, em casas penduradas no nada, com as criações nas marombas, peixes e cobras passando ao redor. Os portos desaparecem e a casa é também o ancoradouro. Aulas são suspensas, as festas escasseiam, os santos se enfastiam e são retirados dos altares, visto que nesses tempos de águas grandes a proteção é mútua, nós os protegemos e eles nos protegem. De julho a agosto um pouco de sol e de céu descoberto para que a água recue e a terra principie dando seus primeiros sinais para que a vida recomece. O cheiro de terra molhada dá nova cor ao ambiente, o mato rebrota, as sementes são lançadas e as plantas nascem, os pássaros voltam a cantar, os peixes se alvoroçam em piracema. Tudo se reconstitui, ressurge a esperança e a dignidade do homem nas várzeas do Amazonas.
Pisa-se na terra firme e apesar da vida dura dos últimos seis meses, que voltará por mais seis e voltará por alguns outros mais, não há conformismo, mas o entendimento de que é um processo gerado pela natureza pelo qual se dá a dinâmica das várzeas amazônicas fazendo com que elas sejam o que são. Nada além da capacidade de compreendê-la e criar condições para superá-la. Os povos amazônicos anteriores à colonização já habitavam a várzea e desenvolveram técnicas que lhes possibilitavam seis meses de trabalho nas várzeas, onde produziam e acumulavam os viveres e outros seis meses de festas na terra firme.
Como tudo tem um porém, o rio não é o mesmo, a Amazônia não é a mesma e as enchentes não são as mesmas, agora parecem cicatrizes de uma ferida tão perto. Em primeiro lugar pela não inserção de técnicas que respeitando o modo de vida das populações ribeirinhas possibilitasse o aproveitamento das várzeas dando qualidade de vida aos seus moradores sem a necessidade de eles deixarem de ser o que são. Homens e mulheres de ombros encurvados sob a chuva monótona e o sol escaldante continuam a produzir e a viver como antes.
Em segundo lugar porque parece que Deus se enfadou e as enchentes se tornaram mais frequentes. Na série histórica das cheias acima de 29,00 metros a primeira registrada foi em 1909, com 29,30 metros e de lá para cá, entre as dez maiores, seis ocorreram nos últimos quarenta anos. O conhecimento científico existente sobre o ciclo das enchentes possibilita antever e antecipar as ações de Estado.
A previsibilidade das enchentes decorre do regime dos rios da Bacia Amazônica que está, antes de tudo, condicionado ao regime de chuvas. Cortada pelo equador em sua porção norte, a Bacia Amazônica sofre a influência do regime fluvial dos Hemisférios norte e sul. A maior quantidade de chuva e especialmente a coincidência nos dois hemisférios, resulta em maior volume de água e, em decorrência, grandes enchentes. O maior volume de chuva resulta da circulação geral atmosférica dentro da zona intertropical sul-americana.
Portanto, a enchente é um fenômeno natural, suas consequências, nem tanto. Parodiando parte de um poema do poeta Thiago de Mello, somos filhos da floresta e da água, o que explica esse nosso jeito de amar as coisas e de carregar nos ombros grandes fardos, mas também e principalmente esperança.
Fonte: D24AM 

quinta-feira, maio 03, 2012

Mormaço das calçadas


Na última quinta feira fui obrigado a caminhar pelas ruas Eduardo Ribeiro, Joaquim Sarmento e Lobo D’Almada. Como sempre acontece, foi para mim uma tristeza e motivo de indignação. Precisava fazer isso com o máximo de rapidez. Mas não foi como planejado. As lindas calçadas de mármore de liós de minha infância se transformaram em armadinhas perigosas. Na Lobo D’Almada, entre a Saldanha Marinho e a Henrique Martins, nos fundos de uma grande loja, há um enorme buraco. Para transitar nesses calçadas dilapidadas pela incúria de administradores municipais que odeiam a minha cidade, é preciso andar com muito cuidado. Todos os passeios estão esburacados, oferecendo perigo aos transeuntes. Nessas calçadas internas, não há camelôs. E não os há porque as calçadas são estreitas e acidentadas. O mais trágico é que o que se pode ver nesse pequeno trecho do centro histórico, pode ser generalizado para toda a capital amazonenses, esse imenso favelão, esse imenso monturo de lixo real e político. Observei como as pessoas passam por ali e usam aquele espaço urbano. Seguem pelas estruturas destroçadas como se campo minado fosse. Nos bairros, praticamente todos os frutos de invasões estimuladas por uma classe de políticos ignorantes e oportunistas, mais parece um urbanismo medieval. Não há calçadas, e quando há, são tão estreitas, com menos de um metro, e completamente desiguais, pois cada morador inventa a sua própria calçada. Vi muitos desses exíguos passeios de meio metro obstruídos por carros estacionados com meia roda sobre o espaço dos pedestres, obrigados a arriscar a vida no meio fio dessas ruelas tortuosas em que os infames moto taxis trafegam em alta velocidade e os motoristas particulares, que recentemente se motorizaram comprando carros em 30 meses, também exercem seu   novo poder fazendo seus veículos verdadeiros bólides. E o que se lix. Por isso não é de espantar que Manaus tenha recebido a pior classificação no quesito mobilidade urbana, entre as sedes da Copa do Mundo de 2014. Mobilidade significa vias organizadas, limpas e seguras. Além de calçadas que para o poeta Charles  Baudelaire, que nelas costumava flanar, significam modernidade, há a questão do transporte público de massas, a questão do estacionamento e a estruturas do trânsito. No item calçadas nossa cidade regrediu ao nível das aldeias mais infectadas e subdesenvolvidas. Mas isto não parece comover as autoridades municipais, muito menos aos vereadores. Para estes últimos, o assunto do momento é o auxílio paletó (que, aliás, os faz mais caipiras) e os subsídios do 13º, 14º e sabe-se lá que mais mumunhas vivem arrancando do erário público. Há na publicidade mentirosa da Prefeitura de Manaus um tal de Choque de Ordem em andamento. Só se for choque nos cofres públicos para favorecer as empreiteiras como a Delta e a Esparsanco, pois no mundo real das calçadas degradadas e da malha urbana apodrecida o que há é o choque da desídia. O estacionamento de veículos segue a mesma permissividade implantada como política de Estado. Lojas e restaurantes privatizam as calçadas em estacionamentos exclusivos. Na avenida Getúlio Vargas há um restaurante que atravanca a calçada com os carros de incautos fregueses, que pelo nível da cozinha bem merecem o diploma da barbárie. Outro dia vi duas viaturas do Detran estacionados naquela calçada, provavelmente comendo de graça a gororoba suspeita que ali servem. Na praça Oswaldo cruz, a Praça da Matriz, os infectos restaurantes que ocupam o passeio público são casos de vigilância sanitária, se isto existisse na cidade. É demais para um coração hipertenso de um simples mortal.

Autor: Márcio Souza.

domingo, abril 29, 2012

Canteiros centrais: Beleza e conforto.


Espaços destinados a arborização e calçadas são elogiados pela população, que se refugia nele do sol e do trânsito selvagem.
Desde o primeiro jardim, criado por Deus no Paraíso, segundo a Bíblia, os espaços com arborização encantam e deleitam não só pela beleza, mas também pelo conforto térmico oferecido.
Em Manaus, onde a temperatura costuma ultrapassar a casa dos 40 graus no período de sol, os canteiros centrais arborizados existentes nas vias públicas têm a importante função de servir de abrigo para o pedestre, seja na travessia de pistas com dois rolamentos ou para a prática de esportes, como destacou o professor doutor em Geografia, Geraldo Alves dos Santos, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
No total, a cidade, de Norte a Sul, tem 42 canteiros centrais com arborização. Um dos mais bonitos e pujantes está no caminho da avenida Getúlio Vargas, no Centro, Zona Sul, onde os pés de benjaminzeiros formam um manto vegetal que dá uma sombra invejável aos dois lados da pista, um privilégio para quem fica no engarrafamento.
Boulevard de Passeios
Na avenida Senador Álvaro Maia (Boulevard), os pés de flamboyants e as calçadas amplas são aproveitadas pelos que costumam praticar esportes aeróbicos como caminhada e corrida.
SEMMAS
Segundo o diretor de Arborização da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Heitor Liberato, o órgão tem um levantamento da situação dos 42 canteiros centrais principais e executa neles a manutenção.

Há o cuidado em usar mudas de padrão de corte maior, mais fáceis de pegar. Outro cuidado é o de esperar para plantar ou replantar em vias onde deverão acontecer as obras viárias visando a Copa do Mundo de 2014 como o monotrilho e o sistema de BRT.
A atual administração da Semmas opta pelo uso de espécies como o Pau-Pretinho na arborização, por ter raiz profunda e copa grande.
Vários canteiros nas Zonas Leste e Norte ganharam mudas da espécie que, quando estiverem adultas, garantem beleza das flores e o conforto da sombra, essenciais numa cidade de temperaturas elevadas.
Importantes para o pedestre 
O geógrafo Geraldo Alves, da Ufam, diz que do ponto de vista da origem, os canteiros estão relacionado com o embelezamento das cidades, tendência herdada de países europeus como a França. Para ele, os que contam com ajardinamento são destaques de cidades como Brasília e Curitiba, dando um toque de suavidade em meio ao concreto.
Eles são interessantes, também, para se colocar placas de orientação de trânsito e, mais ainda, para mobilidade urbana. Mas uma função importante desses espaços é para a mobilidade urbana, por servirem de abrigo para os pedestres na travessia de vias de sentido duplo.
“Às vezes escapa da gente a complexidade do trânsito, mas não é raro ver numa via de sentido único a pessoa olhando para os dois lados”, explica ele, lembrando que para quem não é da cidade, os canteiros facilitam identificar qual a direção dos veículos.
Nos canteiros estreitos, identificados por linhas amarelas ou os chamados dentes de dragão, ele aponta os riscos de uma pessoa passar mal e não ter onde ficar protegida. O especialista aponta os riscos trazidos pelos canteiros estreitos, as linhas amarelas ou “dentes de dragão”.
Não é raro passar uma pessoa espremida entre os dois fluxos. E se ela passar mal, forçosamente vai acabar sendo atingida, ressaltou. Falta um canteiro mais espaçoso, destacou ele.
“Deve-se incluí-los sempre nos projetos urbanos”, disse ele, lembrando não ser necessários criá-los no interior dos bairros, mas sim nas vias de captação, a não ser que haja prioridade na questão do embelezamento.

Cidade concentra as piores calçadas do País

Estudo divulgado, ontem, pelo portal Mobilize Brasil colocou a capital amazonense muito próxima da cidade do Rio de Janeiro, quase confirmando o que já diagnosticara um escritor amazonense: Manaus é um subúrbio distante do Rio de Janeiro.
O estudo faz uma avaliação das calçadas de 12 das mais importantes cidades do País e o resultado é decepcionante: a capital da Zona Franca, de um polo industrial de fatura mais de US$ 40 bilhões por ano, que se classifica entre os cinco maiores PIBs nacionais, uma das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014, um dos melhores lugares para se viver, segundo algumas pesquisas superotimistas, é também a cidade que tem as piores calçadas no país, com 3,6 pontos. O Rio de Janeiro é a penúltima (4,5 pontos).
Fortaleza, capital do Ceará e rota de turismo de nove entre dez amazonenses, teve a maior média entre as cidade avaliadas (7,6 pontos). O portal aponta onde s pedestres têm mais dificuldade para caminhar a pé e montou um ranking com os melhores e os piores endereços, de acordo com critérios como acessibilidade e conforto. Entre os critérios avaliados estão: irregularidade no piso, largura mínima de 1,20 m, existência de degraus ou de outros obstáculos que dificultam a circulação, presença de rampas acessíveis, iluminação adequada, sinalzação e paisagismo. Para cada um desses itens foram atribuídas notas de zero a dez.
Muito à propósito tem-se lido e ouvido nos comentários políticos e econômicos que defendem que crescimento não significa, necessariamente, desenvolvimento. Manaus cresceu demais e não se desenvolveu; ao contrário transformou-se num enorme assentamento de dois milhões de habitantes, em que as pessoas de amontoam no que chamam de comunidade, para enfatizar sua necessidade de uma afirmação de pertencimento. E Manaus cresceu, num cerro momento da sua história, com amplas calçadas, margeando largas avenidas. A capital amazonense debruçou-se sobre si própria, omo se tivesse sofrido uma congestão. Onde tem calçadas são as piores.

quarta-feira, abril 25, 2012

Desprezo pelo saber

É difícil entender a contratação de professores com salário de valor menor que o de maqueiros pela Prefeitura de Manaus. Sem menosprezar a importância dos profissionais da maca, que pegam pesado no transporte de doentes, feridos e mortos, mas nivelar por baixo o saber e o conhecimento é desprezar a educação como valor indissociável da condição humana. Carregar pessoas para prestar-lhes socorro é tarefa inquestionável e o servidor deve ser muito bem pago, pois a função é primordial para salvar vidas. Mas subvalorizar o professor é insano, pois cabe a este formar pessoas para a vida com dignidade.

Esse tipo de política pública é um recado aos pais. Fica evidente, com professores mal pagos, que a escola pública oferecida aos filhos não inspira confiança. Não porque professores com baixos salários vão dar aulas ruins, o que depende do caráter do profissional, apesar da premissa ser verdadeira em muitos casos, mas a má remuneração é uma causa também indiscutível de ensino precário. O baixo vencimento obriga o professor a acumular disciplinas e aumentar a carga horária de trabalho, eliminando o tempo disponível para o aperfeiçoamento profissional e, consequentemente, para proporcionar um ensino melhor. A preocupação maior passa a ser o cumprimento do planejamento escolar sem o aprofundamento do conteúdo das disciplinas.

Ao considerar o professor um profissional de menor valor, tanto financeiro quanto humano, os burocratas roubam dos jovens o direito à ascensão social, pois lhes castram o acesso ao poder do conhecimento, essencial à competição profissional e aquisição de bens, que é um dos sentidos da vida em sociedade. Valores morais, como se sabe, se adquire em casa, na família. Mas o saber é intrínseco à escola. E o conhecimento pleno, que resulta no bem-estar social, só com bons e bem pagos mestres.

Não dá para compreender, então, como os próprios professores se calam diante de tão evidente desprezo. Como transmissores do saber e do conhecimento são, também, difusores do pensamento. Ao ensinar, bem, ensinam-nos a pensar melhor sobre o nosso lugar no mundo e fornecem o estímulo necessário para aprendermos infinitamente. E conhecer é poder, porque aprender é tomar consciência daquilo que não se tinha, é ver o que não se via, é ouvir, sentir o dom, divino ou não, de ser humano. Isso nos dá oportunidades maiores do que se tinha antes, seja para usá-las com responsabilidade social e ambiental ou apenas para atender aos interesses pessoais. Usando uma metáfora eternizada por mestres da literatura, conhecer nos permite se distanciar da cegueira da ignorância e da estupidez, principalmente política, de se livrar do doutrinamento ideológico e nos permite buscar uma vida com reflexão e mais sociável. Em vez de deixar a vida nos levar, o conhecimento assegura que possamos levar a vida que quisermos, para o bem ou para o mal.

A menos que desejem carregar o fardo da educação pública de baixa qualidade como nunca antes neste País, os professores precisam se libertar das correntes do aparelhamento sindical pelas ideologias políticas esquerdistas ultrapassadas, que engessam o próprio profissionalismo, e reagir contra ideias mal intencionadas de ensino sem valor. Mais do que bom salário, o professor deve conquistar respeito há muito perdido. O peso na consciência por formar uma sociedade ignorante deve ficar com os políticos imediatistas. Ao professor cabe a nobre missão de dotar a sociedade das condições necessárias para moldar o caráter e evitar que o cidadão fique deitado em macas pelo chão dos hospitais à espera de políticos salvadores da pátria. Estes já sabem como salvar a si mesmos.


segunda-feira, abril 23, 2012

Educação

Manaus possui um número estável de escolas e instituições de ensino, incluindo a Universidade mais antiga do Brasil, mas mesmo assim, tem enfrentado inúmeras dificuldades no setor da educação. Este ano, pelo menos 60 escolas estão passando por reparos estruturais, aqui fica a pergunta, por que não fazer a reforma no período de férias dessas crianças? A estimativa da secretária municipal de Educação - SEMED é que 18 mil alunos sejam afetados, direto ou indiretamente, para evitar que os alunos fiquem ainda mais prejudicados, foi elaborado um calendário especial pela secretária, onde os alunos recebem aulas especiais em horários nos finais de semana.
Na Zona Rural o ano letivo também não começou bem: Escola sofrem com o quadro incompleto de professores e faltam o transporte para pegar os alunos. Nas comunidade rurais de Bom Jesus, Vila de Paricatuba, Limão, Laranjal, Lago do mudo e Fé em Deus, em Iranduba (a 25 km de Manaus), as aulas não começaram no dia programado, Segundo a SEMED, a adoção de calendário especial é regulamenta pela leis de diretrizes e bases da educação, que permite que o município faça as adequações necessárias ao calendário escolar, desde que sejam respeitados os 200 dias de ano letivo. Todos os calendários especiais, são aprovados pelo conselho municipal de educação. A secretária de estado da educação - SEDUC, que também possui pelo menos 12 escolas em reformas, adota procedimentos diferentes. Para não parar as atividades. Isso por que o Estado está alugando prédios próximos à  unidade e remanejando os alunos para que não haja prejuízos. 
A SEDUC também prefere não utilizar o calendário especial, onde o aluno estuda aos sábado e feriados, como medida de compensar os dias que ficaram sem aula. E para driblar reprovação de alunos, a rede estadual e municipal encontrou uma forma semelhante: Foi criado este ano o programa Contra-Turno, um reforço escolar onde são ministradas aulas em horários diferentes do atual.
No ano passado a reprovação atingiu, 10,6 % dos mais de 486 mil alunos da rede estadual, além do abandono, quase no mesmo índice, 9,1 %. Os meninos e meninas podem, além de revisar os temas nos quais encontram dificuldades, praticar alguma atividade esportiva e de lazer.
A cidade é um importante centro educacional de nível médio e superior do Estado, sem sede de um dos 12 colégios militares do País (o único do gênero na Região Norte), e do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), que oferece cursos em diferentes níveis: Ensino Médio e Técnico. Concentra, ainda, a maior parte das faculdades públicas e privadas do estado.

domingo, abril 22, 2012

Mobilidade sustentável em Manaus / Ciclovias

Igarapés, Parques e zonas de preservação ambiental em Manaus poderiam ser eixos de conexão para outras áreas da cidade, com acesso a pé ou por meio de bicicletas, isso tudo seria possível, se tivesse planejamento urbano em nossa cidade, temos inúmeras áreas verdes não conectadas, tais como: Sauim Castanheira, Jardim Botânico Adolpho Ducke, Universidade Federal do Amazonas, dentre outras. 
A cidade não tem ciclovias e nem ciclo faixas fazendo com que a mesma se tornasse mais humana, com a possibilidade de tráfego para todos e não somente para os veículos. Ir além da ciclovia significa que, os governos devem melhorar as calçadas, como também, os passeios para os pedestres e permitir para todas as pessoas com ou sem carros, independente da renda delas, uma melhor acessibilidade. Não podemos também esquecer os Parques, tais como: Lagoa do Japiim, Parque dos Bilhares e Parque do Mindú que deveriam ser pontos de convívio social para uma melhor qualidade de vida da população Manauara, a mobilidade urbana nada mais é que a mobilidade social. Se os governos criam novas vias de acesso, eles estarão ajudando a população a locomover-se com menos custos, isso significa economia popular, a bicicleta é uma alternativa real de transporte porque nem todos podem comprar um carro. Pensar numa cidade para as pessoas é redistribuir o espaço urbano, estamos construindo constantemente viadutos para o transporte de carros automotores e estamos esquecendo o maior veículo da cidade, que é o veículo humano. Manaus tem um projeto fenomenal nas noites quentes desta cidade dos trópicos úmidos, que é o movimento Pedala Manaus, verificamos que foi uma demanda da sociedade. 
A lei de 12.587 / 2012 conhecida como lei da mobilidade urbana, entrou em vigor no último dia 13 de Abril e, segundo o ministro das cidades Agnaldo rebelo, serão investidos R$ 32 bilhões nessa área. A questão da mobilidade é uma das principais agendas do ministro da cidade, estão previstos investimentos extremamente importantes que contribuirão para minimizar os problemas dos brasileiros para se locomoverem.
A nova lei exige que os municípios com mais de 20 mil habitantes elabore planos, de mobilidade urbana em até 03 anos, que devem ser integradas aos planos diretores. Atualmente esta obrigação é imposta aos municípios com mais de 500 mil habitantes, Manaus tem aproximadamente 2 milhões de habitantes, vamos ter vergonha na cara e cobrar do poder público a utilização da lei. As cidades que não cumprirem essa determinação, podem ter os repasses do governo federal, destinada a política de mobilidade urbana suspensos.

Urbanismo sem futuro

Manaus caminha hoje a um futuro incerto. Ninguém sabe o que espera encontrar no fim do túnel. É como cobrar, construir, mobilizar a cidade ideal sem a noção do que seria este ideal para a realidade local? O questionamento que normalmente não é feito, existe e se faz presente a cada gargalo ou demanda emergencial com que a metropóle amazonica se depara. A cidade cresce sem planejamento. O que prevalece é a iniciativa individual das pessoas, que constroem suas calçadas, do empresário que quer ver o empreendimento em pé... E cada qual, vai tirando proveito da parti que lhe cabe. Exemplo disso é o processo de verticalização que vem experimentando já ha alguns anos a Cidade de Manaus, feito sem consonância com a questão da mobilidade urbana. Hoje constroem-se prédios e condomínios em regiões como Vieiralves, Av. Ephigênio Salles e Parque Dez, cuja acessibilidade já está complicada, tendo em vista nosso modelo de locomoção que altamente depende do automóvel, haja vista, que não temos transporte coletivo dignos em nossa cidade, isso repete o modelo de ocupação do espaço urbano iniciado com a implantação da 
Zona Franca de Manaus em 1965, a falta de um projeto de produção de habitações por partes das empresas e a omissão do poder público resultaram em invasões, desmatamento, problema de impermeabilização do solo, deslizamento de encostas e expulsão dos pobres para as periferias, desprovidas de infraestrutura e serviços urbanos, como muito bem diz Milton Santos: A periferia é depósito de indigentes. 
O direcionamento que cabe ao Plano Diretor da Cidade é um dos pontos que acabam permitindo essa desordem, ele tem cárater orientativo e não está preparado para  grande porte dos problemas urbanos nos próximos 20 ou 30 anos. Para saber onde se quer chegar, é preciso se perguntar e se permitir ouvir respostas. É preciso um grande debate, sem pressa, que culmine em leis que exprimam a vontade da população e que vislumbre um futuro a longo prazo. Até lá, vamos perdendo competitividade em investimentos econômicos e em infraestrutura de saneamento urbano. Estamos numa cidade em plena selva amazônica e somente agora resolvemos fazer um Plano Diretor de Arborização da Cidade, o que menos temos é árvores nesta cidade dos trópicos úmidos, haja incopetência do poder público. Acabamos de construir a Avenida das Torres e não fizemos ciclovias e nem ciclo faixas para aqueles que se interessam por uma melhor qualidade de vida.

sábado, abril 21, 2012

Da Belle Epoque a falta de infraestrutua

Embora seja a capital com o sétimo produto interno bruto - PIB do País. Manaus ainda estar longe de ser modelo de organização urbana e de infraestrutura. O Centro da cidade, que ja foi referência para outras cidades na época áurea da borracha, por exemplo, hoje vive com problemas considerados crônicos pela população e pelos próprios governantes. Lixo espalhados pelas ruas, prédios históricos em completo abandono, trânsito desordenado e ocupação indevidas de calçadas, são apenas partes da diversidade de problemas que se aglomeram no Centro e que até agora não tem solução definitiva.
No entre e sai de gestões municipais, a retirada de camelôs prometida por muitos gestores, mas que não foi cumprida por nenhum, se arrasta hà anos e continua sem definição. A presença de camelôs no Centro ja foi classificada como câncer por gestores públicos e 08 meses do fim de mais um mandado municipal, a gestão atual sinaliza que será um dos muitos imbróglios que ficaram para serem resolvidos no futuro, esta é a gestão do atual prefeito Amazonino Mendes. Em meio aos ambulantes, surge os flanelinhas que na completa ausência do poder público fiscalizador, aproveitam para tornar o espaço de estacionamento que deveria ser público em privado.

Só no Centro existem mais de 600 flanelinhas. Enquanto isso, motoristas continuam pagando por um serviço irregular e em alguns casos considerado estorsão. Na tentativa de intervir a prefeitura de Manaus promete implantar já no final de seu mandado o sistema de estacionamento rotativo, o Zona Azul, que já sofre críticas de condutores, mas que, pelos menos, na teoria, resolve a cobrança indevida. O programa será implantado em 48 ruas da capital, sendo 37 no Centro de Manaus e outras 11 no Conjunto Vieiralves e bairro São Geraldo a partir de junho deste ano. Uma das cenas mais comum que a população encontra no Centro é a de calçadas ocupadas por lojistas e camelôs que se apropriam do passeio público, para colocar produtos de toda ordem nos locais. Na maioria dos casos, a irregularidade,obrigada o pedestre a andar na rua e dividir espaço com carros, além de colocar em riscos a própria segurança, tudo é visto por quem chega a cidade com a ideia de conferir a beleza da "Manaus dos trópicos" sustentada no apelo verde e na defesa do meio ambiente, o programa choque de ordem da Prefeitura que deveria, mas que ainda não modificou a cidade, também não chegou ao Centro.
Só para se ter uma ideia, o nosso Plano Diretor ainda esta parado na camara municipal de Manaus, ou seja, estamos sem um plano de ordenamento do uso do solo em nossa capital. Os problemas do Centro são muitos e por isso são difíceis de serem resolvidos, uma solução para o problema de estacionamento seria criar estacionamentos como modelo do edificio garagem em lugares estratégicos, para melhorar os espaços na área, alem de retirar os camelôs e investir na revitalização para atrair mais consumidores para que eles se sintam bem e com segurança neste local.

No meu entender, a prefeitura não tem que criar camelodrámos e nem tão pouco usar espaços públicos para esse fim, é demais para um coração hipertenso de um amazonida..

quarta-feira, abril 18, 2012

O preço do insucesso

A frase mais inquietante que ouvi sobre conquista de objetivos foi: "o sucesso não vale seu preço". Quem será que criou essa frase? Um milionário solitário lamentando o divórcio e o distanciamento insuperável dos filhos? Uma ex-chefe que subiu na carreira fazendo teste do sofá e agora perdeu o cargo para outra que adotou a mesma estratégia? O Ex-honesto que ficou rico aceitando suborno e foi flagrado? Ou quem disse tal frase foi alguém que fracassou no que buscava e falou isso para não se sentir mal consigo mesmo e ainda insinua algo escuso feito para quem "chegou lá"?
O que essa frase quer dizer? Que é necessário vender a alma e sacrificar sua consciência para ter sucesso? Afinal, o que realmente significa ter sucesso? Você pode não concordar inteiramente com a frase, mas há algo que não dá para contestar: preço. O sucesso cobra um preço. O fracasso cobra um preço. Para tudo há um preço.
Para sediar o maior evento do esporte mais popular do mundo, a Copa do Mundo, o Brasil aceitou pagar um preço. Nele não está incluído apenas aceitar pagar um preço. Nele não está incluido apenas aceitar mudar leis como permitir a venda de bebidas nos estádios durante o evento.
A Associação Brasileira de Infraestrutura e Estrutura de Base (ABDIB) estimou gastos totais para a Copa de 2014 em R$ 117,8 bilhões. O gasto projetado inclui aeroportos, estádios, hotelaria, investimentos não vinculados às cidades-sede, mobilidade urbana, portos e segurança pública. Já o governo acredita que o custo total da Copa será de R$ 26,5 bilhões. Mas, no preço da Copa não há apenas valores financeiros. Nós de Manaus, por exemplo, aceitamos demolir nossas mais queridas memórias esportivas com o fim do estádio Vivaldo Lima. E, ao que tudo indica, não aproveitaremos o evento para melhorar nossa infraestrutura. Vale o preço por quatro jogos? Em Natal, por conta da Copa, centenas de pessoas terão que se mudar de suas casas. Em São Paulo, onde há vários estádios bons, vai se gastar milhões de dinheiro público num estádio que depois será privado e por causa dessa arena muitos terão que ser despejados de seus tetos. O rio aceitou matar o Maracanã com a promessa de que o mítico estádio vai ressuscitar ou reencarnar melhor. Vale o preço?
É um preço justo torrar R$ 26,5 bilhões ou R$ 117 bilhões, montante que poderiam ser aplicados em educação e saúde num evento que vai deixar nossos tataranetos endividados? Todo esse gasto vai valer a pena se o Brasil for hexacampeão? E se não for? Outra frase interessante sobre êxito e dissabores é: "Quem fracassa na preparação, prepara-se para o fracasso". Você acha que o Brasil está se preparando para receber a Copa com sucesso? Que a Seleção Brasileira está se preparando bem para ser campeã em casa? E a pergunta mais importante: o sucesso na Copa vale seu preço?

segunda-feira, abril 16, 2012

COPA DO MUNDO DE 2014


De Caramuri ao Tatu bola

Manaus esta massificando a idéia de utilizar uma fruta regional denominada de Caramuri, como nome da bola oficial para o mundial da copa de 2014 no Brasil.
Uma muda de “Caramuri” (fruta da região do Baixo Amazonas) sugestão de nome dado a bola da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, foi plantada no Bosque do Atleta, quinta-feira 22 de março de 2012, na Vila Olímpica de Manaus, Zona Oeste. Logo após a apresentação do Projeto que pretende divulgar e incentivar esta ideia.
A fruta que tem a polpa branca, a casca amarela e a folha verde surge de quatro em quatro anos nas regiões entre o rio Tapajós e o Madeira , na mesma época da Copa do Mundo. 
O amazonense Beto Mafra percebeu as coincidências e resolveu criar o projeto “Caramuri”.
 “Sou de Maués (a 276 quilômetros de Manaus), cresci comendo caramuri e tive a ideia de divulgar o Amazonas e valorizar a cultura regional emprestando o nome da fruta a bola da Copa de 2014. O projeto foi encaminhado ao Ministério do Esporte, a marca Adidas e a FIFA, agora temos que torcer e esperar por uma resposta positiva”, comentou Mafra.

Não sou a favor da regionalização do nome da bola, se assim fosse as outras cidades sedes, tais como: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Salvador, Recife e Natal, também deveriam utilizar suas frutas regionais. Portanto, prefiro regionalizar com a cultura dos folclores locais, tais como: Saci Pererê, Boitatá, Mula-sem-cabeça, curupira, Matita Perê, lobisomen, Mãe-D'água, Iara e Boto.
Fico com a ideia final de um único nome para as 12 Cidades Sedes, que seria Tatu-bola.

Centro de Memória Esportiva do Amazonas - CEMEAM

Estado sem memória é estado sem história, nossos políticos em vez de mandarem projetos para as assembleias e camaras municipais ficam perdendo tempo com mudanças dos nomes das ruas tradicionais na cidade de Manaus, muita das vezes confundindo o próprio morador desta rua, desta forma fica aqui uma sugestão para os mesmos , por que não criar um Centro de Memória Esportiva do Amazonas - CEMEAM, em forma de projeto de lei. O Centro de Memória Esportiva, tem por objetivo reunir, catalogar, conservar, interpretar e expor documentos, (imagens, textos), materiais históricos, premiações, fotografias ou qualquer forma de expressão que contribua para a valorização do esporte local. Tivemos brilhantes trabalhos e atletas em nosso estado dentre eles, Prof. Msc. Geraldo Teixeira da Universidade Federal do Amazonas - UFAM no atletismo, com campeões Sul-Americanos, Pan-Americanos e Ibero-Americano, Wellington Nobrega, João Raimundo Bezerra, Magdiel, Rabelo Mendes, Maria Nilba Reis dos Santos, Orlane Silva, Lindon Johnson Pereira Campos, Daurimar Leão dentre outros, na natação  Aly Almeida que treinou Eduardo Piccinini, no futebol vários técnicos, dentre eles Amadeu Teixeira, contribuíram para a formação de vários atletas profissionais, como Gilmar Popoca (Flamengo), Lima (Roma), Berg (Botafogo), dentre outros. Não podemos também esquecer os trabalhos magníficos dos Profissionais de Educação Física, no auge das Olimpíadas Operarias do Amazonas, além dos trabalhos dos Jogos Estudantis do Amazonas - JEA's, que contribuíram diretamente para os esportes coletivos, tais como Basquetebol, Voleibol, Handebol em nosso Estado, também não podemos esquecer do brilhante Bi - Campeonato do Sul-América no futebol feminino na década de 80, ganhando do grande  Radar no Estado do Rio de Janeiro, mas recentemente o Tri- campeonato do São Raimundo na Copa Norte de Futebol promovido pela Confederação Brasileira de Futebol - CBF. O CEMEAM também poderá constituir-se no Centro de Estudo e Pesquisa, formar banco de dados sobre o acervo existente, realizar conferências Educativas em todas as suas modalidades,  além de incentivar e buscar doações para o seu acervo.
Não podemos esquecer a última partida de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol para o Campeonato Mundial de futebol no México em 1970, feito pela Confederação Brasileira  de Desporto - CBD, atual CBF, onde todos os atletas Tri-campeões do Mundo, deixaram uma camisa assinada para o jornalista Flaviano Limonge que na época era Presidente da Federação Amazonense de Futebol, como também, a brilhante coleção do Presidente da Federação Brasileira e Sul-Americana de Atletismo, Roberto Gesta de Melo de troféus e medalhas de todas as Olimpíadas. Aproveito o momento e solicito das pessoas competentes e responsáveis a mudança das fitas de VHS para mídia digital de vários materiais, que estão se perdendo na Fundação Vila Olímpica Danilo de Mattos Areosa, relacionado ao esporte amador de nosso estado.

quarta-feira, março 14, 2012

Áreas públicas para esporte contrastam com eventos milionários em Manaus

Prefeitura de Manaus desembolsou R$ 1,129 milhão para realizar a segunda Copa Brasil de Beach Soccer. O valor é suficiente para construir ao menos um complexo esportivo, denominados de Centro de Esporte e Lazer - CEL's

Manaus - Moradores de bairros servidos por áreas de lazer administradas pela Prefeitura de Manaus reclamam do estado de abandono dos campos e quadras. Nesta semana, (07 e 11 de março de 2012) a Prefeitura gastou R$ 1,129 milhão para realizar a segunda Copa Brasil de Beach Soccer, no Centro Cultural dos Povos da Amazônia. O valor é suficiente para construir ao menos um complexo esportivo. Sem contar que, não é função da Secretaria de Esporte, trabalhar com alto rendimento e sim a massificação do esporte e lazer em seus centros.

Um exemplo deste abandono está no bairro Vila da Prata, zona oeste de Manaus. Inaugurado em março de 1998, pelo então governador do Estado Amazonino Mendes e pelo prefeito da época, Alfredo Nascimento, o complexo esportivo nunca passou por reparos ou reformas e sobrevive graças às doações de comerciantes e da comunidade.

“Verificamos poucos recursos, mas o bom desempenho das equipes do bairro em competições se reverte em credibilidade e doações que mantêm as instalações em situação razoável de funcionamento”, disse o presidente da liga esportiva e morador do bairro Vila da Prata, Paulinho Costa.

Apesar da precariedade do local, que tem pedras no campo, buracos e ferrugem no alambrado, redes furadas, paredes sem pintura e piso da quadra completamente áspero, são mantidas as modalidades de futsal, futebol, capoeira, karatê e vôlei. Na mesma zona, no bairro Compensa 1 (próximo a uma fábrica de sorvete) há uma quadra tomada pelo mato e sem condições de abrigar práticas esportivas.

Na zona norte da capital também é fácil encontrar complexos abandonados. No conjunto Renato Souza Pinto, o único campo está sem iluminação há mais de cinco anos e serve de ponto de encontro para usuários de drogas que frequentam ‘lan houses’ próximas.

Nos conjuntos Oswaldo Frota e Manôa, ainda há iluminação, mas o estado de conservação é precário. “Nos núcleos 7, 11 e 13 da Cidade Nova, os campos estão largados e mais parecem cemitérios”, disse um morador da região, que pediu para não ser identificado por medo de represálias.

Os R$ 1,129 milhão gastos para realizar o evento de futebol de areia no Centro Cultural dos Povos da Amazônia é praticamente a mesma quantia gasta pela Prefeitura na construção do complexo esportivo do bairro Santa Luzia, inaugurado em dezembro do ano passado, como também, o mesmo é realizado no meio da semana, conhecidindo com o horário de trabalho do Pólo Indistrial de Manaus - PIM, fazendo com o que o tráfego na Av. Arthur Vírgilo, antiga Costa e Silva, ficou um caos para os trabalhadores e estudantes que após 08 horas de jornada de trabalho, seguem para suas residências ou Universidades.

“Custou R$ 1,090 milhão. Outros como o campo Valdir de Moraes (no bairro São José 2, zona leste), o da Redenção (zona centro-oeste) e o da Compensa (zona oeste) estão com o projeto concluído”, citou o titular da Secretaria Municipal de Desporto e Lazer (Semdej), Fabrício Lima.

O valor do evento, que tem duração de cinco dias (entre 7 e 11 de março), equivale a 16,1% dos R$ 7 milhões do orçamento municipal de 2012 destinado à reforma e manutenção dos 131 campos de futebol das cinco zonas da capital.

O orçamento para 2012 da SEMDEJ é de R$ 20.850 milhões, verificamos que esses eventos vem ocorrendo constantemente em Manaus, sem que nossos vereadores tomem as devidas providências, a função do alto rendimento fica para o Estado (SEJEL), enquanto que a SEMDEJ, tem que equipar, manter e gerir os Centros de Esporte e Lazer, para massificação do Esporte e não gastar o dinheiro com eventos de Beach Soccer ou trazer Seleção Brasiliera Master para o evento em Manaus, é demais para um coração hipertenso.

quarta-feira, março 07, 2012

O último guerreiro de Vargas

Uma das características menos explicadas do Plano Real foi a obsessão com o chamado legado de Getúlio Vargas. Não se tratava apenas de mudar um modelo que se esgotou com o tempo. Havia uma crítica visceral e ahistórica, de julgar os atos de Vargas fora do seu contexto histórico. Nenhuma crítica foi e tem sido mais exacerbada que a de Gustavo Franco, o grande ideólogo do Real.

Hoje em dia, parte do legado de Vargas está depositada nas mãos e na memória de um senhor de 89 anos, de nome Guilherme Arinos. Todo dia 24 de agosto, o velho senhor manda celebrar uma missa em homenagem a Getúlio Vargas. No momento, está criando uma associação de defesa da memória de Vargas, que tem, entre seus integrantes, a ex-deputada Ivete Vargas e o ex-governador do Rio de Janeiro Marcello Alencar.
Guilherme Arinos tornou-se assessor pessoal de Vargas no longínquo ano de 1942, com apenas 26 anos. Desde os 20 anos já trabalhava com Vargas. É dono de uma biografia extraordinária.

Nasceu no interior do Amazonas em 1916, em um subúrbio do município de Itacoatiara, nas margens do rio Solimões. O nome Arinos é em homenagem a um dos rios da região. Fez o ginásio na própria cidade. Em 1933, houve concurso nacional do Banco do Brasil. A família juntou toda sua poupança para conseguir comprar uma passagem de terceira classe para Guilherme, que levou oito dias para chegar a Belém.

Saiu-se tão bem nas provas de matemática e de português que o inspetor-chefe Ovídio Xavier de Abreu mandou-o escolher a praça que quisesse para trabalhar. Como queria aprender sobre câmbio, optou pela agência de Belém.

Quando estourou a Segunda Guerra, o país não sabia como administrar a questão cambial. Foram convocados 11 funcionários do BB para pensar em uma estratégia de defesa das reservas cambiais, entre eles o jovem Guilherme. Dos estudos saíram os regulamentos de criação da Coordenação de Mobilização Econômica, e, depois, da Carteira de Exportação e Importação (Cexim). Guilherme convocado para assessorar o segundo presidente, Gastão Vidigal -o primeiro, Leonardo Truda, morreu uma semana após assumir.
Dois meses depois, recebeu recado de Alzira Vargas, secretária e filha de Vargas, convidando-o a trabalhar com o presidente, que precisava de alguém que conhecesse câmbio. Tornou-se oficial de gabinete e, logo após, secretário particular de Vargas.
Em 29 de outubro de 1945, quando o general Cordeiro de Farias comunicou a Vargas sua deposição, Guilherme passou 29 dias detido em um quartel. Quando saiu, apresentou-se ao novo presidente do BB, o velho conhecido Ovídio, que lhe perguntou onde gostaria de trabalhar. E ele: com o dr. Getúlio.

Seguiu para o Rio Grande e foi morar com Vargas na pequena fazenda Santo Reis, em São Borja, para onde o presidente se mudou depois de se desentender com o irmão Protásio. Eram três morando durante dois anos em uma casa sem luz elétrica: dr. Getúlio, Guilherme e Gregório Fortunato.

Lá, ele teve o privilégio de compartilhar da intimidade do homem mais poderoso e fechado do Brasil. Um dia, Getúlio lhe perguntou por que os juros eram tão altos. E o "índio" (como passou a ser chamado por Vargas, depois que deixou de ser "menino") disse-lhe que porque o dinheiro era escasso. "Você não é bancário?", indagou Vargas. "Por que não inventa um banco que arranje o dinheiro?"

Guilherme pegou um pedaço de papel em branco e rascunhou o esboço de um banco de desenvolvimento. Quando Getúlio foi eleito em 1950, seu trabalho serviu de base para a criação do BNDES.

Acompanhou dr. Getúlio a vida toda, mesmo depois daquele tiro que o matou em 24 de agosto de 1954. Em sua sala, tem espaço apenas para Getúlio, retratos, pinturas, livros na estante e em cima da mesa do escritório. Há uma exceção apenas, um retrato dos quatro netos e do filho do qual ele tem enorme orgulho: Gustavo Franco, que há 15 anos luta obsessivamente para liquidar com o legado do dr. Getúlio. Mas, enquanto Guilherme Arinos Limaverde Barroso Franco viver, dr. Getúlio também viverá.

Folha de São Paulo, 19 de junho de 2005

Luís Nassif

 
Posted by Picasa