domingo, agosto 16, 2009

ESPORTE ARTIFICIAL

No esporte de alto rendimento, a tecnologia roubou do atleta a condição de agente de competição. O esforço humano não é mais natural, mas artificial. Maiôs que ajudam a deslizar na água com menor atrito, tênis com amortecedores que impulsionam o pé, colantes que diminuem a resistência do vento e substâncias químicas que produzem melhores resultados, mais energia, mais explosão muscular ajudando o corpo humano a ficar menos humano. O resultado dessa combinação de ciências e esforço físico nas piscinas e pistas de provas de atletismo é um ser mais necessário e menos biológico.
A essência do esporte é justamente superar, até onde seja possível, o tempo e o espaço, e as barreiras que a física impõe, apenas com a capacidade física impõe, apenas com a capacidade física e psicológica. Qualquer mudança na biomecânica do corpo, a partir de agentes externos, tira do atleta sua intrínseca capacidade de adaptação ao meio ambiente. Por mais que alcance os recordes e medalhas de ouro, não há méritos próprios, mas fabricados artificialmente. Se o atleta forma sua personalidade competitiva a partir dos recursos naturais de que dispõe, o caráter é justamente a primeira vítima do doping. O atleta perde sua própria identidade. Seus feitos passam a ser lembrados como resultados de trapaça e a imagem que fica é a da vergonha e não da glória.
É o oposto do princípio olímpico e da gravitas – dignidade em Latim. “o importante é competir” deu lugar ao “ganhar” a qualquer preço Gravitas também tem o significado de total e severa determinação. Era a virtude que inspirava e moldava o caráter dos soldados gregos e romanos, os primeiros atletas conhecidos. Os gregos principalmente os atenienses, celebravam a forca física dos músculos e dos ossos.
Para moldar a anatomia, treinavam a exaustão em condições iguais. A superação de um sobre outro dependia da determinação de levar o corpo ao limite e acreditar ser melhor que o oponente. O vencedor não era o que utilizava a espada, mas o que treinou mais, por mais tempo e com mais afinco para manejá-la. É o melhor treinamento que faz o atleta e não o melhor recurso tecnológico. Este lhe acrescente vantagem na disputa, mas o impede de ser competitivo por suas próprias forças.
Os competidores da era moderna estão entrando para a própria história pela falta de escrúpulos e pudor. Turbinam o corpo com reações químicas artificiais como o meio mais curto para alcançar a vitória como se vencer fosse apenas chegar à frente dos demais. A verdadeira glória está em superar a si mesmo, indo além das limitações biológicas e da força da gravidade. Chegar em primeiro é só um detalhe inconscientemente ignorado.
A dúvida que se propõe à reflexão é: porque, diante de uma vasta e avançada tecnologia média para detecção de doping, os atletas ainda se dopam? E por que recorrem à tecnologia menosprezando as próprias limitações humanas?Umas das explicações é a inversão do princípio de Pheidippides, o soldado grego que morreu após correr 45 quilômetros para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas na batalha de maratona. Observando que não basta mais competir por um ideal, mas pela fama pura e simples. A outra é a escravidão tecnológica. Não dá mais para viver sem as maravilhas futuristas. Tudo se tornou artificial, até o esporte.

CIDADE E ESPAÇO URBANO: UMA NOVA VISÃO DO URBANISMO SUSTENTÁVEL

A ocupação do solo deve ser repensada e aproveita a oportunidade, já que estamos fazendo a revisão do Plano Diretor para sugerir algumas mudanças. Devemos sim trabalhar o urbanismo sustentável, todos nós defendíamos um contra ponto ao crescimento das cidades como são hoje, que dão preferência ao automóvel, onde há uma separação das funções e fazem com que os cidadãos precisem usar o automóvel para conseguir saúde, lazer, moradia e trabalho, além de outros afazeres.
Existem ao todo nove conceitos que guiam o urbanismo sustentável: uso misto, densidade controlada, prioridade de pedestre, equilíbrio, conectividade, paisagismo, prédios verdes, espaços públicos atraentes, cidades apropriadas para os cidadãos.
Estes conceitos resgatam uma forma antiga das cidades, que é ter apartamento, escritórios, lazer e trabalho tudo na mesma rua, a uma distância caminhável. O carro é uma forma de transporte burro, causa o aquecimento do planeta, ocupa o espaço e as calçadas públicas, que deveria ser das pessoas, torna a cidade barulhenta, suja, desumana. Por isso a idéia é resgatar a mistura de funções da cidade. Isso já está tão forte que em alguns lugares da Europa existem prédios com até três funções.
Além do uso misto, se deve priorizar, o pedestre. Fazemos isso através da largura das calçadas, ciclovias, dimensão das ruas e paisagismo.
A cidade deve ser confortável para quem caminha.
Outra questão é o censo de comunidade. As cidades hoje sofrem com espalhamento, por isso elas foram perdendo identidade. Ninguém mais tem a sensação de pertencimento, não sabem mais de onde são. Por isso, criar esse senso é importante, já que torna as pessoas mais felizes, mais seguras.
Também devemos nos preocupar com a densidade. A cidade tem que fugir da moradia familiar elas são essencialmente danosas ao meio ambiente porque carecem de muitos serviços de infra-estrutura para poucas pessoas e isso é caro para o morador, como também, ao meio ambiente. Se todo mundo morasse em casa, nós já teríamos nos mudado paro o terceiro planeta porque não haveria mais espaço. O ideal seriam entre 400 a 800 habitantes por hectare, isso otimiza os serviços urbanos, reduz o consumo de CO2, a poluição atmosférica da luz, etc.
As cidades também precisam de conectividade, ou seja, elas precisam estar ligadas fisicamente e integradas às áreas de entorno. Ainda tem a questão da diversidade econômica dos cidadãos. Isso significa que não podem ter só ricos nem só pobres no mesmo bairro, todos podem conviver mais ou menos em harmonia no mesmo lugar. Porque uma pessoa teria que morar a três, quatro horas de distância do trabalho só porque é mais pobre ou mais rica? Tem que ter mistura social.Também é preciso ter equilíbrio no ambiente entre áreas construídas e áreas naturais, isso infelizmente não é visível em Manaus, onde o que não observamos são áreas verdes em cidades da Amazônia. As cidades perderam contato com a natureza. Você olha 360 graus e não vê nenhuma árvore, por isso tem que haver ligação com ambientes naturais, principalmente em cidades dos trópicos úmidos como é o caso de Manaus na Amazônia. Ligações, com rios, matas. lagos, igarapés e parques para onde quer que você olhe, deve haver natureza. Isso faz bem às pessoas, além de trazer outros benefícios, como evitar as ilhas de calor.