Nada lembra tanto a atividade do corpo humano quanto uma metrópole a todo vapor. Ambos precisam se abastecer de água e de energia e eliminar os resíduos de forma eficaz. Os veículos que trafegam pelas ruas e avenidas podem ser comparados aos nutrientes circulando pelas veias e — veja como, neste caso, até a palavra é a mesma — pelas artérias. As linhas telefônicas cumprem a mesma função dos nervos, que despacham e recolhem informações o tempo todo.
Tal como um organismo vivo, a cidade deve seu funcionamento ao trabalho discreto de um conjunto de sistemas cuja existência só é percebida quando surge algum problema. Eles são como o fígado, que precisa doer para ser notado. A infra-estrutura urbana é o resultado de um conjunto enorme de operações, muitas delas complicadíssimas. Para chegar às torneiras e aos chuveiros de Los Angeles, nos Estados Unidos, a água do Rio Colorado percorre um canal de 500 quilômetros, em pleno deserto. Em São Paulo, um exército invisível de 5.800 trabalhadores se esfalfa, noite e dia, na manutenção dos sistemas de eletricidade, telefone, água e esgoto instalados debaixo da terra.
Sem uma rede de serviços eficiente, a metrópole se toma um lugar insuportável. Não se trata apenas de conforto, mas também de saúde e até de sobrevivência. "Em qualquer cidade do planeta, o número de domicílios com esgoto está diretamente relacionado com a taxa de mortalidade infantil", explica a urbanista Raquel Rolnik, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
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