sábado, maio 30, 2009

Copa do Mundo em Manaus... República do Pão e Circo.

Após o Pan-Americano em 2007, no Rio de Janeiro, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) acredita que o Brasil tem condições de sediar as olimpíadas de 2016. Lançou a candidatura do país a uma competição de proporções chinesas e já gastou algo em torno de R$ 1,5 milhão apenas com a promoção da candidatura. A Copa do Mundo de Futebol será no Brasil, em 2014, e há estados com projetos faraônicos, como o do Amazonas, estimado em R$ 6 bilhões. Um espanto, haja vista que o futebol profissional é decadente em nosso estado, pairando a célere filosofia: que legado ficara para Manaus?
Alguns de nossos pequenos e quase centenários clubes ainda não tem nem um Centro de Treinamento próprio. Na Alemanha, na ultima copa do Mundo, a Seleção Brasileira treinou no campo de um time de quarta divisão, e ele tinha gramado apropriado, pista de atletismo, e todos acessórios necessários para funcionar satisfatoriamente. Mesmo na África do Sul, e que não está entre os dez melhores do futebol africano, o que não falta é Centro de Treinamento. Na hora que chegarmos a esse ponto, teremos dado um passo iniciante na cambaliante ação de sediar uma copa.
Não vejo com muito otimismo o fato de Manaus como sede da Copa do Mundo, pois destruiremos parte da Fundação Vila Olímpica de Manaus (Danilo de Mattos Areosa), além do Kartódromo e do Sambódromo e quando teremos outra? Apesar da mesma está inoperante.
O único legado que verifico é o das empreiteiras e construtoras locais, como também, os percentuais de políticos inescrupulosos de nosso estado. É com esta máscara de teatro de circo e pão, como dizia os gregos antigos que verificamos o cenário esportivo em nosso estado. Feliz e triste, falso e verdadeiro, cínico e honrado, que veremos a copa do mundo em nosso País.
Os argumentos a favor são a projeção internacional turística da Amazônia, principalmente a geração de empregos, a melhoria da infra-estrutura urbana da cidade e a atração de investimentos do setor privado, e porque não dizer também, do público.
São justificativas incontestáveis, de fato, países que promovem esses eventos atraíram milhares de pessoas durante as competições, melhorando a urbanização das cidades e atraíram capital. É o caso da Alemanha 2006, e China com a Olimpíada de Pequim. Mas nesses Países, o diferencial é que o projeto esportivo foi concebido para durar. Leis foram criadas para garantir verbas de manutenção aos estádios e complexos olímpicos, além de parcerias com a iniciativa privada, como concessão e até privatização.
Essa não é... finitivamente a cultura brasileira. E exemplo não falta, na fórmula1, a cada ano a prefeitura de São Paulo gasta milhões com reforma do Autódromo de Interlagos, as vésperas do GP do Brasil, porque não consegue manter a pista e a arquibancada em perfeitos condições durante o ano. No Rio de Janeiro, após o Pan-Americano 2007, não há mais competições de atletismo no Engenhão; apartamentos da Vila Olímpica estão abandonados porque não foram vendidos, estão emperrados pela burocracia pública, diante deste cenário real, não teatral quais as garantias que o COB e os governos estaduais estão dando para assegurar que a gastança com a possível olimpíada de 2016 e a copa de 2014 terão retorno aos cofres público e, claro ao bem-estar do contribuinte? Até agora nenhuma, sem falar na corrupção dos políticos que direcionam as licitações públicas como bem frisou o Senador Jarbas Vasconcelos do PMDB que o seu partido é um partido de corruptos.
Considerando que a cultura brasileira é fazer política com obra pública e não fazer política pública com obras, podemos esperar tudo, menos benefícios urbanos sociais e econômicos, com essas pretensões esportivas brasileiras, para ficar num exemplo próximo do amazonense, o sistema expresso foi idealizado para ser a maravilha moderna do transporte urbano em Manaus, como era um projeto de promoção política e não de bem-estar e qualidade de vida da população urbana, deu no que deu. A grande urbanista e arquiteta Ana Fanni, em seu livro “A Cidade” cita que cidade a partir de 1,5 milhão de habitantes deveria começar a pensar e porque não ter feito o metrô, e isso já deveria ser pensado e executado no ano de 2000 em Manaus.
A copa é irreversível, vai acontecer e será um teste para o país e porque não dizer para Manaus, capital do Estado do Amazonas, em termos de organização, como o Governo Federal já avisou que não vai dar nenhum centavo para a reforma de estádios de futebol, resta aos cartolas e governantes competência em convencer investidores a apostar nesta proposta, e este filme já foi visto no Pan de 2007 onde o valor inicial foi 3 vezes modificado.
Fonte: Jornal do comércio, coluna Geo-Holísitca, 01 de Abril de 2009.

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