sexta-feira, fevereiro 26, 2010

BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E SATISFAÇÃO NA VELHICE

Havighurst (1963) caracterizou satisfação na velhice como o aspecto interno e subjetivo da boa qualidade de vida nesse período. A elaboração de uma escala para avaliar satisfação (Life Satisfaction Index) e a sua conseqüente aplicação a diferentes amostras de idosos permitiu derivar uma explicação fatorial contendo cinco componentes: envolvimento e apatia, resolução e fortaleza, senso de equilíbrio entre metas desejadas e alcançadas, autoconceito positivo e humor (Neugarten, Havighurst e Tobin, 1961).
Um volume considerável de pesquisa gerontológica emergiu dessa formulação inicial, permitindo que fosse mais elaborada e incluísse outras dimensões tais como felicidade, ajustamento, moral, saúde, longevidade, bem-estar subjetivo e equilíbrio entre aspirações e realizações.
A questão chave na integração desses conceitos e de evidências de pesquisa é saber qual ou quais variáveis são mais preditivas dos estados descritos. Saúde, status socioeconômico, idade, raça, emprego, status conjugal, disponibilidade de transporte, residência, atividade e in¬tegração social parecem ser os preditores mais importantes, mas não os únicos. Nesse sentido, Cutler (1979) advertiu que se trata de um construto multidimensional. A complexidade das dimensões particulares que o compõem é considerável. Além disso variam de grupo para grupo (apud Ryff, 1982).
Entre os anos de 1965 e 1984, Rudinger e Thomae empreenderam um estudo longitudinal com 222 pessoas de classe média baixa, nascidas na Alemanha Ocidental entre 1890 e 1895 e entre 1900 e 1905. Assim como os estudos de Berkeley (Shock, 1984) e Duke (Busse e Mad-dox, 1985), essa pesquisa, denominada The Bonn longitudinal studtj ofaging, ofereceu informações valiosas sobre o ajustamento e a satisfação na velhice.
As principais conclusões do trabalho de Rudinger e Thomae (1990) que sintetizam os dados gerados por esta tendência de pesquisa foram:
1. A saúde biológica é um dos mais poderosos preditores do bem-estar na velhice.
2. A saúde percebida e as maneiras como as pessoas lidam com problemas de saúde são ainda mais preditivas do que as condições objetivas de saúde, valiadas segundo parâmetros médicos.
3. A satisfação com a família é uma importante condição do bem-estar na velhice.
4. Há efeitos da iriteração entre status social, variáveis de personalidade, interações dentro da família, atividades desempenhadas fora da família e satisfação na vida.
5. A situação econômica e psicológica oferece suporte material para o bem-estar subjetivo. Este por sua vez influencia os modos de lidar com os diferentes graus de qualidade da habitação, com a vizinhança, com a independência econômica e com as expectativas relativas à estabilidade fi-nanceira.
6. A capacidade de iniciar e manter contatos sociais, mediada por fatores motivacionais e cognitivos, influencia a percepção sobre a qualidade da vida diária. A uniformidade e a variação na vida diária podem ser percebidas como prazerosas ou desagradáveis por diferentes pessoas, ou até pela mesma pessoa, em diferentes momen¬tos de sua vida. De qualquer forma, este é um importante preditor de satisfação na velhice.
7. A avaliação que o idoso faz de sua situação atual é outro mediador importante de sua satisfação na vida. O senso de bem-estar pode variar em função do número de eventos importantes e de pressões percebidos durante o ano anterior; do ponto de vista individual sobre a redução de oportunida¬des e contatos sociais; da forma como o idoso lida com a morte; da extensão de sua perspectiva de tempo futuro: de como valoriza seu passado, e de como faz uso de suas possibilidades atuais.

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