quarta-feira, fevereiro 17, 2010

RECURSOS AGROFLORESTAIS

Em anos recentes, uma estratégia de conservação tem atraído crescente atenção: a criação e a expansão de mercados para produtos coletados de forma sustentável da floresta tropical. Essa idéia está embasada na premissa de que pessoas terão maior tendência para proteger seus recursos naturais se elas também possuírem um inte¬resse econômico no uso sustentável desses recursos.
Estudos recentes mostraram que um amplo espectro de produtos da floresta - incluindo madeira e, em particular, produtos não-madeireiros, como frutas, castanhas, látex, óleos, palha, palmito e plantas medicinais - pode ser coletado com um impacto ambiental mínimo. Outros estudos revelam as formas intrincadas com que os povos nativos usam e manejam os ecossistemas florestais. Tais fatos sugerem a possibilidade de novos mercados e oportunidades para produtos florestais coletados de forma sustentável, ou seja, de forma a não degradar a base de recursos naturais necessária para futuras coletas (Clay, 1996).
Os críticos contestam que essa estratégia de "coleta florestal" poderia servir como um incentivo para a destruição tanto ecológica como cultural. Eles apontam numerosos casos em que o desmatamento nos trópicos tem seguido rapidamente a penetração dos mercados ocidentais. Dizem ainda que o impacto tem sido igualmente devasta¬dor nas populações humanas que vivem nas florestas, na medida em que as atividades orientadas ao mercado e os valores desse mercado infiltram-se nas culturas tradicionais e alteram-nas.
Embora o registro histórico seja de fato pouco encorajador, os mercados globais são uma realidade - mesmo nas regiões mais remotas do mundo. As culturas tradicionais hoje dependem rotineiramente de grande número de mercadorias e serviços fornecidos por mercados. Isolar essas culturas dos mercados já não é possível e, do ponto de vista da maioria dos habitantes da floresta, nem desejável. Não se discute se os mercados podem ser mantidos fora da floresta, mas como os mercados podem ser estruturados de forma a ser benéficos tanto ambiental como socialmente.
A crescente preocupação do mundo com a degradação do ambi¬ente e a perda da biodiversidade gera um mercado-prêmio para produtos que conservam os recursos naturais. Fatias cada vez maio¬res do mercado internacional para madeira, tanto em países de alta renda como em países em desenvolvimento, como o Brasil, compram madeira certificada, produzida de acordo com padrões exigentes, tanto em termos sociais como ecológicos. Da mesma forma, novos mercados surgem para produtos florestais não-madeireiros. Essas tendências, tanto no nível global como no local, fornecem novas oportunidades para modificar as maneiras pelas quais os recursos naturais são explorados e abrem a possibilidade de mudar também as regras do jogo dos próprios mercados.

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