sexta-feira, fevereiro 26, 2010

INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA

Qualidade de Vida significa várias coisas. Diz respeito a como as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano. Envolve, portanto, saúde, educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito e determinam como vive o mundo. Compreende, desse modo, situações extremamente variadas, como anos de escolaridade, atendimento digno em caso de doenças e acidentes, conforto e pontualidade nas condições para se dirigir a diferentes locais, alimentação em quantidade suficiente e com qualidade adequada e, até mesmo, posse de aparelhos eletrodomésticos (Pires et al., 1998). Mais que tudo, exige exercício do chamado controle social – mediante o acompanhamento da administração de bens estatais, privados e públicos, como escolas, produtos de consumo pessoal, pavimentação e conservação de ruas e locais coletivos para o lazer - con¬duz à cidadania, com o exercício democrático da cobrança da transparência das medidas e procedimentos dos governantes e dirigentes. É a própria "cidadanização".
Minayo et ai. (2000) identificaram a expressão Qualidade de Vida (QV) com a figura do discurso conhecida como polissemia, isto é, quando uma única palavra ou um conjunto de vocábulos implica muitos sentidos. Assim, ao dizer Qualidade de Vida, pode-se estar querendo indicar bem-estar pessoal, posse de bens ma¬teriais, participação em decisões coletivas e muito mais. De fato, são tão numerosos os sentidos possíveis que já se afirmou que QV é daquelas palavras que, querendo dizer muito, acabam por pouco significar.
Diante de tanta complexidade de concepções e práticas so¬bre Qualidade de Vida, visualiza-se o quanto há de controvér¬sias no que se refere a seus indicadores, isto é, em como medi-la.
De fato, reconhece-se que nos dias atuais a quantificação de aspectos populacionais da saúde de grupos humanos visa basi¬camente, segundo publicação em periódico oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), prover informações para conhecimento de três conjuntos de situações (Robine et ai., 1999):
I) sua vitalidade e estado funcional;
II) suas condições epidemiológicas atuais; e
III) sua Qualidade de Vida.
Historicamente, os primeiros indicadores utilizados, para medir saúde, por paradoxal que pareça, foram relacionados à sua ausência, ao seu contraponto, à morte. De fato, logo se observou que a medida mais global da magnitude da morte, a taxa de mortalidade geral, se eleva para as populações de piores condi¬ções de saúde. Num momento subseqüente, passou-se a contar com a taxa de mortalidade infantil (TMI), definida como o número de mortes em menores de um ano dividido pelo total de nativivos no período, multiplicado por base decimal, em geral 1000: países ou regiões com melhores condições de vida apresentavam TMI totalmente inferiores que as demais, o que levou ao entendimento de que esse indicador seria o vetor mais sensível das mudanças materiais de saúde-doença de um povo. Acompanhamento por maior tempo, no entanto, veio revelar o que poderia ser esperado: trata-se de um quantificador vulnerável a melhorias na assistên¬cia setorial à faixa etária considerada, como redução de bron¬copneumonias e doenças diarréicas (Gonçalves , 1997), por incremento nutricional decorrente, por exemplo, de suplementação alimentar específica (Gonçalves , 2001).
Atualmente já se dispõe, na literatura especializada, de massa suficientemente ampla, profunda e coerente de informa¬ções básicas sobre sentido e características dos indicadores setoriais para uso corrente, em especial em relação às exigências para com suas propriedades, como validade, confiabilidade, es¬pecificidade, sensibilidade, mensurabilidade, custo-efetividade e coerências interna e externa: nesse sentido, revela-se fundamen¬tal a aplicação sistemática de definições operacionais e procedi¬mentos de mensuração e cálculos padronizados, a fim de garantir qualidade e comparabilidade.

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