sexta-feira, fevereiro 26, 2010

O EXERCÍCIO E A QUALIDADE DE VIDA NA IDADE TARDIA

Cada vez mais estudos vêm evidenciando a atividade física como recurso importante para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso manter uma qualidade de vida ativa. Visto que ela tem potencial para estimular várias funções essenciais do organismo, mostra-se não só um coadjuvante importante no tratamento e controle de doenças crônico-degenerativas (como diabetes, hipertensão, osteoporose), mas é também essencial na manutenção das funções do aparelho locomotor, principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de independência e autonomia do idoso.
O fenômeno do envelhecimento populacional que ocorre no mundo levanta questões importantes, seja do ponto de vista pessoal, seja do ponto de vista socioeconômico , questões estas que são interdependentes. A mais importante dentre essas questões, segundo Spirduso (1989), é a de saber se o ciclo de vida aumentando pode ser vivido com qualidade, ou se tratará apenas de um período de aumento de estados patológicos e morbidade que precede a morte.
A duração do período de morbidade tem implicações sociais, pessoais e médicas de amplas dimensões. Para o individuo, tal período, vivido por um prazo longo, representa sofrimento físico e psicológico e possibilidades de dificuldades financeiras muito sérias. Para a sociedade, limite do ciclo de vida aumentado pode ser vivido até seu final de forma saudável, com autonomia, independência e qualidade para o indivíduo, isto representa um período de tempo que reflete um mosaico de memórias felizes, bem como a culminância e a síntese de projetos de uma vida bem vivida, e não acarreta em desastre econômico-social para as nações.
Para que haja uma diminuição desse período de morbidade ou de estados disfuncionais de pré-morbidade, devem-se criar planos e programas que previnam tal situação. Dentre esses mecanismos preventivos, certamente a atividade física deve ser um componente importante, pois o envelhecimento associa-se, obrigatoriamente, à redução da capacidade aeróbia máxima, da força muscular, das respostas motoras mais eficientes, da capacidade funcional geral, ou seja, á redução da aptidão física. Como uma conseqüência da diminuição da tolerância ao esforço físico, um grande número de pessoas idosas vivem abaixo do limiar da sua capacidade física, necessitando somente de uma mínima intercorrência na saúde para tornarem-se completamente dependentes.
Estudos em gerontologia têm demonstrado que atividade física , junto com hereditariedade, alimentação adequada e hábitos de vida apropriados podem melhorar em muito a qualidade de vida dos idosos. De acordo com vários autores – dentre os quais citamos Berger (1989) e Shephard (1991) -, o declínio linear natural das capacidades funcionais, que se inicia ao redor dos 30 anos, pode ser substancialmente modificado pelo exercício, pelo controle do peso e pela dieta. Evidências demonstram que mais da metade do declínio da capacidade física dos idosos é devida ao tédio, à inatividade e à expectativa de enfermidade. Pesquisas sugerem que 50% do declínio, freqüentemente atribuído ao envelhecimento biológico, na realidade é provocado pela atrofia por desuso, resultante da inatividade física que caracteriza os países industrializados (Spirduso 1989; Paffenbarger et al. 1994).
A atividade física regular e sistemática aumenta ou mantém a aptidão física da população idosa e tem o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, conseqüentemente, diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre essa população. A atividade física e a aptidão física também têm sido associadas à diminuição da incidência de morbidade e mortalidade produzidas por doenças crônicas entre indivíduos de meia idade. Dentre estas, são citadas as doenças coronarianas, a hipertensão, a hiperlipidemia, o diabetes não-insulino dependente e o câncer. Resultados recentes mostram uma associação favorável ente atividade física e fatores de risco para doenças cardiovasculares entre a população idosa, sugerindo um efeito da atividade física como fator de proteção para esse grupo de pessoas (Pescatello e Di Pietro 1993; Matsudo e Matsudo 1992).
Nos últimos anos, os profissionais da saúde têm enfatizado a necessidade de prevenir ou retardar o desenvolvimento das doenças crônicas que acometem a população idosa, numa tentativa de aumentar a expectativa de vida ativa, através da manutenção do bem-estar funcional. Para Pescatello e Di Pietro (1993), muitas das alterações nas estruturas e funções fisiológicas que ocorrem com a idade resultam da inatividade física. Como exemplo, as autoras citam a alteração na sensibilidade à insulina, na massa corporal magra, na taxa metabólica basal e na capacidade aeróbia. Além disso, apontam o impedimento que muitos idosos podem ter para manter suas atividades diárias por problemas de diminuição da resistência física (diminuição da capacidade aeróbia), fraqueza generalizada e/ou quedas sistemáticas (diminuição na força).

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