sexta-feira, fevereiro 26, 2010

BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E SENSO DE CONTROLE NA VELHICE

A teoria original sobre o desamparo aprendido, formulada por Seligman (1975), focalizava a sincronia entre o desempenho e a conseqüência como determinante do senso de controle. Ou seja, as pessoas podem sentir-se desamparadas se suas ações não são suficientes para alterar o que lhes acontece.
Em 1978, Abramson, Seligman e Teasdall reformularam essa noção e propuseram que o desamparo é causado por crenças ria própria incapacidade de comportar-se para alterar o ambiente. Três outras dimensões de julgamento podem explicar o desamparo:
1. Internalidade x externalidade (o fracasso é causado por elementos pessoais, como a capacidade, ou ambientais, como a incompreensão dos ou-tros?)
2. Estabilidade x transitoriedade (as causas do ma¬logro são duradouras ou passageiras?)
3. Generalidade x especificidade (as causas do fracasso fazem sentir seus efeitos em muitas ou em poucas situações?
A atribuição de fracasso a deficiências pessoais, generalizadas e duradouras, podem produzir em qualquer pessoa de qualquer idade, e não só sobre as mais velhas, um profundo senso de ineficácia (Peterson e Seligman, 1984).
Os problemas de auto-eficacia de idosos estão centrados tanto em estimativas reais quanto em perspectivas distorcidas sobre suas possibilidades, as quais ocorrem num inundo em que, de um modo geral, as pessoas só enxergam as perdas e o declínio da velhice.
Embora em parte esta percepção seja condizente com a realidade de uma grande quantidade de idosos, também é verdade que eles dispõem de reservas fisiológicas sufi¬cientes para manter o seu funcionamento psicossocial em um nível adequado. Além disso, o desenvolvimento de capacidades, como por exemplo a especialização e a me¬mória, podem compensar outras perdas. O grande
problema é a interferência do senso de ineficácia, que pode ser intensificado por preconceitos do próprio idoso e das pessoas que o cercam. O declínio contínuo do senso de auto-eficácia pode ocasionar declínio cognitivo e perdas no funcionamento do comportamento (Bandura,1986).
Brandtstádter e Baltes-Gõtz (1990) realizaram uma pesquisa longitudinal com l .228 adultos de 35 a 59 anos, com o objetivo de verificar se ocorrem mudanças no senso de controle pessoal ao longo do desenvolvimento. (Os aspectos do desenvolvimento avaliados pêlos sujeitos foram saúde e bem-estar físico, estabilidade emocional, sabedoria e compreensão madura da vida, auto-estima, reconhecimento social, eficiência ocupacional, assertividade, companheirismo, empatia, independência pessoal, segurança da família, prosperidade e estabilidade, eficiência intelectual, auto desenvolvimento, preparo físico, amizades e alcance de ideais.) Observaram que essas mudanças estão sujeitas a variações culturais, muito embora se saiba que na maioria das culturas ocorram sentimentos de depressão e desamparo em situações de morte, doença e perdas de um modo geral. Afirmam que, com a idade, tende a aumentar a noção de vulnerabilidade a influências externas e provenientes do envelhecimento biológico, muitas das quais são vistas como incontroláveis. Verificaram também que quanto maior o senso de controle pessoal mais intensos são os sentimentos de satisfação e que, quanto menor, maio¬res as possibilidades de depressão, preocupação e desamparo.

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